sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Sobre asas e passarinhos


Para Maria Letícia


No dia das crianças
presente vou ganhar
tia Tiça sempre, sempre
traz histórias pra contar

: fala das borbolet(r)as
das joaninhas, dos passarinhos...
sabe que em nossas vidas
há lindos sonhos e ninhos.

Será que ela desconfia
o tamanho do seu presente?
-- não desistir do que faz
e muito menos da gente.

Lou Vilela

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Xô tristeza




quando o coração dói
agente vira ostra
a tristeza incomoda

mas o vento que passeia
logo logo se aproxima
e nos conta um segredo
 





“ouçam o murmúrio dos ventos
os sons da natureza...
todos cantam juntinhos
para espantar a tristeza”.
 
Lou Vilela


Vovô em cena

A Gabriel, in memoriam


O vovô de Iago,
Mateus e Aninha
fechou os olhinhos,
esqueceu a idade:

partiu sem adeus,
sem mochila...
na hora de fazer
traquinagem.

No céu uma estrela
que brilha e acena.
Sorrindo, encena
deixando saudades.

Lou Vilela

O sumiço do rói-rói

A raiva pegou a reta
foi para a rua roer
“rá rá rá” – sorriu bem alto
quis à barriga encher.


Dona Rita, assim que soube
tratou de o jardim proteger
"rói rói rói" rosnou a raiva
lá, não conseguiu roer.

Sr. Romeu, o vizinho
guardou a roupa real
costurada com zelo
para a festa no arraial
a raiva fez um rói-rói
começou a passar mal.

Foi assim que aconteceu
durante os dias de festa:
a raiva nada roeu
estavam todos alertas
e o rói-rói contrariado
fez bico,  sumiu às pressas.

Lou Vilela

O menino que imitava cigarras

A cigarra em seu canto
faz barulho estridente.

O menino quase sempre
- revelando fome brava -
assobia igual canção:

grita... grita... grita!

Quer saúde, ir à escola,
uma casa, jogar bola,
crescer comendo o seu pão.

 Lou Vilela

Não tem quem aguente

Tem certas dores
que dão de repente
não tem quem aguente.

Dor de barriga
é a acrobata lombriga
dançando escondida?

Dor de ouvido
é o travesso mosquito
zanzando, zunindo?

Dor de dente
é o teimoso pica-pau
tamborilando na gente?

Dor de cabeça
é a sábia suindara
rasgando mortalha?

Dor de garganta
é a aranha arteira
tramando a sua teia?

Pra dor sarar
que tal um beijinho
e muito carinho?

Lou Vilela

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Mensageiro dos ventos

Resultado de imagem para desenho de moinho


vem pulsar uma viola sob
noite enluarada,
ouvir grilos, vagar lume?

há dias em que até as pedras
cantam poemas: a natureza
explode em exuberância!

e o poeta (in)venta
: faz da pena um moinho

Lou Vilela

Cavalo domado


Resultado de imagem para desenho de vaqueiro


o medo, aquele intruso
surge sem avisar
quer brincar de estátua
a todos paralisar

aprendi com o vaqueiro
cavalo bravo domar
monto no medo, pego as rédeas
disparo a galopar

segura peãoooooo!

Lou Vilela

Amiga prazenteira


a mente é peralta
de quietinha nada tem
pula, corre, rodopia
constrói seu vai e vem

ajuda nas tarefas
nas escolhas, no dia a dia
é amiga prazenteira
vive fazendo folia

alimenta-se de sabores
de cores, do imaginar...
tudo que aprendemos, sentimos
e que nos possa saciar

Lou Vilela


quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Agarradinhos

Resultado de imagem para pé de jabuticaba

Conhecem a jabuticaba?
Vejam, que belo exemplar!
saborosas, suculentas
crescem juntas, sem brigar
-- parecem irmãos que se amam.

Tenho amigos sapoti,
maçã, carambola, melão
alegres, coloridos
agarradinhos em meu coração
-- sou um pé de jabuticaba.

Lou Vilela

domingo, 9 de junho de 2013

sábado, 6 de outubro de 2012

Lobo bobo






“Era uma casa muito engraçada, não tinha porta, não tinha nada”... Também não morava lá nenhuma vovó. E assim, o lobo percebeu a troca de endereços. Quis se esconder, mas era tarde demais! A casa vermelha o encantara. Era toda decorada com sentimentos. Ali, na ante-sala do coração, o lobo mau percebeu o quanto era bobo. Hoje em dia, quando se ouve um uivo em noite de lua cheia sabe-se que é mais um lobo espalhando poesia em sua cantiga de amor.

Lou Vilela

Cadê o dono?




Para Pedro Henrique


De quem é o sino?
É da mimosa
- Vaca charmosa.

E a coleira?
É do radar
- Cão de guarda espetacular.

E o carrinho?
É do João
- Amigo-irmão.

E a boneca assanhada?
É da Maria
- Menina-alegria.

E o chapéu?
É do valente cowboy
- Meu herói.

E o avental?
É da sublime poesia
- Meu anjo-guia.

E o amor?
É chocolate quente
Aquece o coração de toda a gente.


Lou Vilela
Recife, 29/06/08.


A menina buliçosa



 Para Rosinha




a menina buliçosa
olhou, mexeu, sentiu
aprendeu o segredo das coisas
pulou, dançou na lousa
tanto fez que conseguiu
desabrochou como rosa.


Lou Vilela
Recife, 14/07/09


A princemiga e a formicesa



  
Para Rose e Taci








A formicesa trabalhava 
dia e noite, noite e dia. 
A princemiga se enfeitava, 
comia e dormia. 
A princemiga em um dia de sol, 
seguiu a formicesa... 
“tão pequenininha, carregando a comida.” 
Sentiu um orgulho imenso, com ela aprendeu. 
O tempo passou, a princemiga cresceu. 
Mudou tanto que ficou 
com jeitinho de formicesa. 
E não é que a princemiga 
tinha ficado mais linda? 

Lou Vilela 
Recife, 29/06/08


Ritmos e rimas


Ciranda, Antonio Poteiro



Vista um sorriso colorido
Venha pra rua brincar
Escolha o ritmo da dança
A rima pode inventar

Escolhi uma ciranda
Ciranda vem cirandar
Na roda da Lia* ou  na minha
O que importa é dançar

O menino de azul
De tímido, nada tem
Escolheu o maracatu
E chamou-me de meu bem

A professora Filó
Entrou na brincadeira
Escolheu o carimbó
E balançou as “cadeiras”

O filho de Sr. João
Comeu, encheu a pança
Pra dançar bumba-meu-boi
Tem que ter muita sustância

Com gaita e bombacha
O gaúcho surgiu
Sapateando a chula
A turma aplaudiu

Vamos? É a sua vez
Dance, rime à vontade
Do Oiapoque ao Chuí
Não importa a idade



Lou Vilela
Recife, 15/02/09.


* Cirandeira de Itamaracá, ilha perto de Recife. Maria Madalena Correia do Nascimento ou Lia, como é conhecida, canta e compõe desde a infância. Seu repertório inclui coco de raiz e loas de maracatu, além de cirandas.